segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Transpiração excessiva pode ser sintoma de doença


Distúrbio da ‘hiperhidrose’ tem tratamento

Áreas mais afetadas são as mãos, pés, axilas e rosto (Foto: Arthuro Paganini)
Em tempos de calor beirando os 40ºC, estar sempre suado é mais do que normal, apesar de bastante incômodo. O suor esfria o organismo e ajuda o corpo a manter a temperatura constante em torno de 36ºC. O que muita gente não sabe é que suar excessivamente pode ser indicativo de uma doença conhecida como hiperhidrose, caracterizada pela hiperatividade do sistema nervoso simpático, responsável por regular a produção de suor.
Embora cerca de 1% da população mundial sofra desse mal, a maioria das pessoas desconhece a doença. Segundo o cirurgião torácico Edson Franco, pacientes com hiperhidrose suam intensamente, mesmo quando estão em repouso. As áreas mais afetadas são as mãos, pés, axilas e rosto, que permanecem constantemente molhados de suor. Em alguns casos, pode ocorrer gotejamento em uma ou mais regiões.

Os sintomas podem surgir em qualquer época, inclusive na infância. A transpiração excessiva causa uma série de transtornos e dificulta a realização de atividades corriqueiras, como escrever, dirigir e cumprimentar conhecidos. Os impactos na vida das pessoas acometidas pela hiperhidrose são profundos e o constrangimento pode, inclusive, evoluir para um quadro de depressão.

Relatos

O médico Edson Franco opera pacientes com hiperhidrose (Foto: Infonet)
Os problemas psicossociais são a pior consequência da doença. “Só sabe do sofrimento quem passa por ele. Tem gente que chega a optar pelo isolamento, tamanha a vergonha que sente. Meus pacientes contam várias histórias e há até um livro que reúne relatos de pacientes com hiperhidrose”, diz Edson.
A publicitária Nathália Mota, 24 anos, descobriu que tinha a doença na adolescência, depois que consultou um dermatologista. “Eu nunca tinha ouvido falar nesse distúrbio. Achava que o suor excessivo, no meu caso, era resultado da produção de hormônios, comum naquela fase”, conta. Durante anos, Nathália viveu experiências desagradáveis e teve problemas de auto-estima e relacionamento.
Lembro que, numa entrevista de emprego, tive que cumprimentar a profissional que ia me entrevistar e ela viu que minhas mãos estavam molhadas e geladas. Ela disse que não precisava ficar tão nervosa, e acho que relacionou isso a uma certa insegurança ou despreparo. O pior é que muita gente não sabe que isso é uma doença e acaba fazendo comentários chatos ou piadinhas sem graça com a situação”, lamenta a publicitária.   

Causas e tratamento

Livro reúne relatos de pacientes com hiperhidrose (Foto: Infonet)
As causas da hiperhidrose não são conhecidas, mas sabe-se que ela costuma aparecer em indivíduos de uma mesma família. “Às vezes, o avô tem, os filhos não, mas alguns netos sofrem dessa doença. Mulheres e homens são afetados na mesma proporção. Na população negra, a incidência é baixíssima, ao contrário do que ocorre com judeus e asiáticos”, diz o médico Edson Franco, ressaltando que, em alguns casos, a hiperhidrose é considerada secundária, ou seja, decorre de uma outra doença, como o hipertireoidismo e a obesidade.
De acordo com o especialista, há inúmeros procedimentos terapêuticos clínicos, a exemplo do uso de soluções e cremes adstringentes, injeções de botox, entre outras alternativas que aliviam os sintomas temporariamente. “A solução definitiva é a cirurgia chamada de simpatectomia, que pode ser feita pelo SUS. Explicando de forma simples, a cirurgia consiste no corte do nervo simpático”, ressalta.
Antes da cirurgia, Nathalia Mota sofreu com as mãos sempre suadas (Foto: Arthuro Paganini)
A anestesia é geral, mas são necessários somente dois cortes muito pequenos em cada lado: um na axila, e outro sob o seio, no caso das mulheres, ou na auréola, nos homens. A cirurgia resolve quase 100% do problema nas mãos, e entre 70% e 80% da transpiração excessiva nos pés.
Nathália Mota fez a cirurgia em outubro do ano passado e diz que sua vida mudou. “Minhas mãos não ficam mais suadas o tempo inteiro, que era o que mais incomodava. Hoje até uso hidratante”, comemora.
“Um efeito negativo que ocorre em 20% ou 30% dos pacientes é a chamada sudorese compensatória. As mãos param de suar excessivamente, por exemplo, mas o corpo passa a produzir mais suor em outra área - tórax, dorso, nádegas ou joelho. Mas a quantidade de suor geralmente é bem menor”, conta Edson Franco, que faz entre sete e dez simpatectomias por mês, somente em Aracaju.
Por Gabriela Melo

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