O político
deve ser mais reservado, discreto, do que loquaz
Falar e
ouvir, principalmente falar, é a marca dos políticos e da política. Falar num
discurso no
pódio de uma
Câmara Legislativa, falar numa reunião com assessores, falar em sussurros com
outros
políticos, fazer declarações para a mídia, comunicar-se com eleitores,
conversar ao
telefone,
etc.
Não apenas
falar, mas falar bem. Adestrar-se em cursos e livros de oratória, treinar a voz,
cuidar da voz, aprender os truques que funcionam, adquirir a capacidade de dramatização.
Enfim, dominar a arte do discurso... Tudo isto está certo. O político deve
falar e deve falar bem. Esta é uma arte
do seu ofício que precisa ser dominada. Não há a menor dúvida que a oratória
conquista, convence, persuade; nem tampouco que a argumentação consistente e sólida
se impõe; nem mesmo que a dramatização oportuna e apropriada comove e
sensibiliza;
e que o uso
habilidoso das palavras pode seduzir. A questão da valorização da palavra
torna-se então de suma importância para o político, exatamente pelo uso
intensivo e freqüente que dela faz no exercício de seu ofício. A questão da
valorização não reside, pois, no ato de falar, e sim em nuances do ato de
falar, como: a oportunidade escolhida, sobre que falar, o quanto falar, com
quem falar, de que forma falar, e, inversamente, sobre que, quando, e com quem
não falar. O político que se encerra num mutismo, se isola, perde poder e
torna-se irrelevante. De outra parte, o político que fala sempre e a todo o
momento, torna-se banal, sem importância, perde poder e também torna-se irrelevante. Entre um e outro extremo, sempre
que o temperamento e as circunstâncias permitirem, o político deve se
posicionar mais próximo do pólo da reserva, da discrição, do silêncio, do que do
pólo oposto da loquacidade. O político deve ser prudente ao falar. Cauteloso
quando fala com rivais e adversários, reservado quando fala com seus aliados, e
com dignidade quando fala com os demais.
Não esqueça
que a oportunidade de dizer uma palavra, pronunciar um julgamento, dar uma
opinião,
sempre existe. A capacidade de apagar o que foi dito, lograr que seja
esquecido, impedir a sua circulação, esta não existe. Não esqueça nunca que o
silêncio não comete erros,
somente a
palavra os comete. O jogo do poder, como reiteradamente tem sido exposto neste
site, é um jogo onde as aparências são tão ou mais importantes que a realidade.
É um jogo de interesses. Seus participantes querem sempre ganhar. Para ganhar,
cada um desenvolve a sua estratégia que, sempre se compõe de uma parte visível
e outra - mais importante - que não é visível, a não ser para quem a opera.
Neste jogo,
todos estão sempre buscando descobrir a estratégia de seus rivais e adversários.
Todos estão
envolvidos em uma tarefa de decodificação do significado dos comportamentos
(parte
visível) para deles inferir, o curso de ação e os objetivos, mediante os quais
os
adversários
tentam vencer (parte invisível).
Ora, quem
fala, mais do que precisa e deve, está dando os meios para que sua
estratégia
seja descoberta. Se você cuidadosamente estabelece controle sobre o que
revela, eles
não têm como penetrar o seu plano e descobrir suas intenções.07/02/13 .:
Politica Para Politicos
De Gaulle
elaborou um primoroso discurso sobre a liderança
Gaulle |
O poder está
sempre cercado por uma aura de mistério, que depende, diretamente, do fato de
ser dificilmente acessível. Nunca é demais reproduzir o trecho do discurso de
De Gaulle, sobre a mística da liderança, quando ele fala - por conhecimento e
experiência própria - do "mistério" que o líder político deve saber
cultivar:
"Em
primeiro lugar, e acima de tudo, não pode
haver
prestígio sem mistério, pois a familiaridade
produz o
desprezo. Todas as religiões possuem o
seu
"santo dos santos" e nenhum homem é um
herói para o
seu "empregado de quarto". Os
projetos, o
comportamento, as operações mentais
de um líder,
devem possuir sempre um "algo" que os outros não
conseguem
entender, que os intriga e que os agita, atraindo a sua atenção.
Esta atitude
de reserva exige, como uma regra, uma economia
correspondente
de palavras e gestos. Nada reforça mais a autoridade que
o silêncio.
O silêncio é a maior virtude do forte, o refúgio do fraco, a
modéstia do
orgulhoso, o orgulho do humilde, a prudência do sábio, e o
bom senso
dos tolos."
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