quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Atraso de dois anos eleva custo da transposição de R$ 6,8 para R$ 8,2 bi

Obra promete levar água do São Francisco para PE, CE, PB e RN. Nove mil operários que chegaram a atuar na obra fazem falta ao comércio.

Do G1 PE
 
O atraso está fazendo aumentar o custo da transposição do Rio São Francisco. Iniciada em agosto de 2007, a obra deveria estar concluída até o final de dezembro deste ano, segundo previsão dada no início do ano pelo Ministério da Integração Nacional. Em janeiro, o valor informado era de R$ 6,8 bilhões. Agora, já chega a R$ 8,2 bilhões. A nova meta do Ministério da Integração Nacional é 2015. É o que mostra a última reportagem da série do NETV 2ª Edição, sobre a transposição, que deve abastecer quase quatrocentos municípios nordestinos.

A meta é levar água do Rio São Francisco a municípios de quatro estados: Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, por dois canais de concreto, chamados de eixo norte e eixo leste. Os recursos são empregados em escavações e construção de barragens, estações de bombeamento e canais por onde nunca correu uma gota de água. Apesar disso, a presença – e agora, mais ainda, a ausência – dos trabalhadores das construtoras e dos militares encarregados do serviço mexem com a vida nas cidades. Nove mil operários chegaram a atuar nas obras.

A seca e a paralisação estão afetando também o comércio de cidades do Sertão pernambucano. Cabrobó já viu a economia florescer, depois murchar, com a caída do ritmo das obras, e hoje comemora uma certa retomada da movimentação. O principal hotel recebe predominantemente gente que veio a trabalho e permanece por uma semana, em média. Foi preciso se adequar a esse perfil para não perder clientes. O auditório virou um quarto com cinco camas e quartos de casal agora são duplos. O próximo investimento é no restaurante.

“A gente está implementando agora um self service, estamos aguardando, planejando para atender a necessidade do trabalhador, que muitas vezes não dá pra levar sua comida pro trabalho, são os operários que precisam de uma alimentação rápida”, conta a gerente do hotel, Nara Laíse Freire da Silva.

Custódia é uma das cidades que mais cresceram com a transposição. Mas o dinheiro já não circula tanto porque a obra está parada. “O período em que estava em todo o movimento foi muito favorável para a gente. Foi aquele fluxo grande, a gente não estava preparado, e hoje a gente está sentindo necessidade daquele retorno, daquele movimento. De qualquer maneira, todo mundo quis reformar sua casa, todo mundo quis comprar seu carro, sua moto”, conta o comerciante Francisco de Assis dos Santos.

Em Sertânia, o comércio amarga a decadência. Empresários como Flávia Lopes tentam se enquadrar nas mudanças da economia. Donos de várias lojas, ela e o marido investiram na reforma de um hotel de olho nos funcionários de empresas que chegavam por causa da transposição. Não deu tempo: as construtoras foram embora, fazendo sofrer donos de supermercados, padarias, lojas em geral. “Nossa expectativa é que a obra retorne, o mais depressa possível, para que a gente possa ver renda na cidade”, conta Flávia.

Houve um tempo em que os próprios moradores do município também foram às compras, mas isso é passado. Os clientes recuaram, não têm condições de comprar móveis, eletrodomésticos, roupa. Todo o dinheiro que entra é para comida, ração para os animais e água. Os comerciantes, inclusive, criaram um nome para a época do mês em que não conseguem vender nada: é a semana das trevas.

O movimento vem apenas de quem aparece para quitar as dívidas, como a agricultora Maria Helena da Silva, de Cruzeiro do Nordeste, município vizinho. “Eu queria minha cozinha e uma mesa com cadeira”, conta ela, achando que só no ano que vem poderá por os planos em prática.

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