sexta-feira, 18 de maio de 2012

O ferry-boat do São Francisco


Flavio R. Cavalcanti
Desde 1915 os trilhos provenientes da Bahia haviam atingido Propriá, na margem direita do rio São Francisco, em Sergipe; mas só em 1950 os trilhos provenientes do Pernambuco chegaram a Porto Real do Colégio, na margem esquerda, em Alagoas.
Depois de 14 anos (1964), a revista Refesa noticiava que já estava pronta a barcaça do ferry-boat que faria o trasbordo dos vagões entre os trilhos dos dois lados do rio São Francisco — mas não estavam prontas as obras de engenharia civil indispensáveis ao funcionamento do ferry-boat.
A inauguração do ferry-boat ocorreu somente a 10 de Março de 1967, finalmente "ligando" a Rede Ferroviária do Nordeste (depois 3ª Divisão "Nordeste") à Viação Férrea Federal leste Brasileiro (depois 4ª Divisão "Leste"), da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).
Àquela altura, porém, o trasbordador de vagões já não era suficiente para atender à demanda do tronco ferroviário litorâneo do Nordeste (EF-101), e o ferry-boat teve vida curta, substituído em [1972] pela ponte Propriá-Colégio sobre o rio São Francisco.


Texto da RFFSA — Rede Ferroviária Federal
in “O Nordeste que eu vi”, Denisar Zanello Miranda
“Correio dos ferroviários”, nº 422 – Jan. 1969, p. 22-36
cortesia: Alexandre Fressatto Ramos
Essa importante obra une – por meio fluvial – os trilhos da Rede Ferroviária do Nordeste, na cidade de Porto Real do Colégio (Alagoas), aos da Viação Férrea Federal Leste Brasileiro, na cidade de Propriá (Sergipe).
Em ambas as margens do rio São Francisco foram construídas rampas fixas e plataformas móveis, para permitir a atracação da barca RFFSA-I, que tem capacidade para transportar, de uma só vez, quatro vagões de 60 toneladas, cada.
Em caso de transporte de locomotiva, utilizam-se os trilhos centrais da barca que, assim, somente poderá conduzir dois vagões carregados: um de cada lado.
O sistema do “Ferry-Boat” entre Colégio (Alagoas) e Propriá (Sergipe) destina-se a fazer a ligação das linhas da RFN e da VFFLB e, consequentemente, a completar a ligação Norte-Sul que, desde 1950, estava dependendo, apenas, da travessia do rio São Francisco naquele local. Planejada pela RFFSA, a construção das obras foi distribuída entre as duas ferrovias, cabendo o lado de Alagoas à RFN.
Em linhas gerais, o plano consiste no seguinte:
1) Em Colégio
a) Construção de um trecho de linha férrea entre a estação e a margem do rio, com extensão de 700 metros;
b) Construção de uma rampa de atracação na margem do rio, em concreto armado sobre estadas premoldadas;
c) Instalação de guincho para a manobra dos vagões e atracação da embarcação;
d) Plataforma móvel de manobras;
e) Sistema de amarração da barca;
f) Casa de força.
2) Em Propriá
a) Construção de uma variante, partindo da linha principal, antes da Estação de Propriá, indo encontrar o rio um pouco abaixo daquela cidade: 6.000 metros, aproximadamente;
b) Construção, nessa variante, de nova esplanada de estação para Propriá;
c) Rampa de atracação em concreto sobre terreno natural, bastante rochoso;
d) Instalação de guinchos para manobra e atracação da embarcação;
e) Plataforma móvel de manobras;
f) Sistema de amarração da barca;
g) Casa de força.
A embarcação, por sua vez, foi prevista para o transporte de 4 vagões de até 60 toneladas cada, por viagem.
A manobra de embarque e desembarque é feita de 2 em 2 vagões.
Poderá também transportar locomotivas (75 t) nos trilhos centrais, ocasião em que só deverá receber 2 vagões: um de cada lado.
A barca foi construída em Salvador (Bahia), tem 45 metros de comprimento, capacidade para 240 t, e sua propulsão é feita por dois motores de 112 HP, cada.
Extensão da travessia: 3 km (canal mais frequentemente livre).
Velocidade máxima da corrente do local considerada como de 2 m/segundo.
Considerando, portanto, a velocidade máxima de 13 km/hora, o trajeto atual pode ser percorrido em cerca de 30 minutos, com as condições mais adversas possíveis (diretamente contra a corrente de velocidade máxima).

Engate da balsa à plataforma de manobra do plano inclinado para baldeação dos vagões do trem
[Refesa, Jul.-Ago. 1972]

Embarque dos vagões ferroviários na balsa para a travessia do rio São Francisco entre Propriá e Colégio 

A balsa inicia a travessia do rio São Francisco com os vagões do trem, entre Alagoas e Sergipe



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