segunda-feira, 23 de abril de 2012

Seed paga R$ 2,5 mil/mês por aluguel de imóvel nunca usado


Chácara seria utilizada como escola, mas nunca recebeu um aluno sequer.

O governo do Estado, através da Secretaria Estadual da Educação (SEED), está pagando um aluguel no valor de R$ 2.5 mil desde o ano de 2010, de uma chácara localizada no Povoado Areia Branca, no Mosqueiro, onde deveria estar funcionando a Escola Estadual Manoel Dionísio de Santana, que fica na Rodovia dos Náufragos. A informação foi passada por moradores do povoado Areia Branca, ao reclamarem da falta de manutenção na chácara que está abandonada e tomada pelo mato, sendo utilizada como esconderijo de marginais e como ponto de uso de drogas. Como se não bastasse isso, o que mais chama a atenção é o descaso com o dinheiro público. Afinal de contas o valor que já foi pago de aluguel em dois anos e meio chega a quase R$ 70 mil. A reportagem do JORNAL DA CIDADE foi à escola e funcionários do colégio confirmaram que a chácara permanece alugada pelo Estado. 

De acordo com eles, o aluguel do espaço foi feito porque a ideia do governo do Estado era reformar a estrutura da escola. Reforma essa que também ainda não aconteceu e o colégio continua funcionando no mesmo local de sempre. Ou seja, no prédio que seria reformado. “Agora eu questiono para que alugaram essa chácara? Para deixar abandonada foi? A escola continua funcionando no mesmo lugar e sem reforma. Meu filho estuda lá há mais de três anos. Moramos perto dessa chácara, seria ótimo se ele estivesse estudando mais perto de casa. Mas, agora, ao invés disso, o que temos é uma casa abandonada que serve de esconderijo de marginais, como vizinha”, reclamou a mãe de um aluno da Manoel Dionísio e moradora do povoado Areia Branca, Maria José do Nascimento Santos. 

“A situação é ainda pior à noite, pois a Rua 20, essa que eu moro e onde fica a chácara, está sem iluminação. À noite, é um movimento danado de gente fumando maconha por aqui”, reclamou outra moradora, que preferiu não se identificar. “A estrutura da escola está boa, não precisava nem de uma reforma grande. Bastava apenas pintar, trocar as portas e janelas e fazer uma ampliação pequena, pois já perdemos duas vezes a oportunidade de colocar uma sala de informática aqui por falta de espaço”, reclamou uma professora, que não se identificou por medo de represálias. 

Ela lembrou ainda que o valor do aluguel pago pela chácara que está abandonada, se fosse investido na escola, a reforma já teria acontecido. “No projeto do governo do Estado para a reforma da escola, agente perde espaço da área de recreio das crianças. Se esses R$ 2.5 mil viessem para cá, não teríamos problemas estruturais porque investiríamos aqui mesmo. Nós, professores, só não entramos em greve porque não queremos perder tempo, mas há tempos lutamos por melhores salários e nada. Agora pagam um aluguel por uma casa e abandonam. Estão jogando dinheiro público no lixo”, acrescentou. Os funcionários informaram ainda que tiram dinheiro do próprio bolso para completar a merenda escolar dos alunos. “Se é para fazer um arroz doce, temos que comprar açúcar. Essa semana mesmo, trouxe um quilo de açúcar de minha casa para cá”, reclamou outra funcionária.

Sintese

O assessor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores na Educação do Estado de Sergipe (Sintese), Roberto Silva, disse que essa denúncia não chegou ao sindicato. “Mas, trata-se de um caso grave, que mostra que a SEED não tem planejamento e ações concretas. Está um horror”, declarou, ao lembrar de uma situação parecida que está acontecendo no Colégio Estadual Elídio Camelo, em São Cristóvão. “Até o ano passado a SES pagava R$ 5 mil no aluguel de uma casa onde está funcionando a escola e ficamos sabendo que neste ano o aluguel da mesma casa passou para R$ 11 mil”, disse. 

O problema, segundo ele, é que a casa alugada está em situação precária e por conta de problemas na estrutura, que ameaça desabar, não está havendo aula para as turmas do 6º anos do Ensino Fundamental ao 2º ano do Ensino Médio.“Só está funcionando para as aulas do 3º ano do Ensino Médio”, frisou, acrescentando que o caso se agrava ainda mais porque o Colégio Estadual Elídio Camelo tem prédio próprio, mas foi desocupado pela escola e alugado pela Prefeitura de São Cristóvão para o funcionamento da Secretaria Municipal da Educação. “Não dá para o Estado pagar R$ 11 mil por um aluguel, sendo que a escola tem prédio próprio”, concluiu.



Fonte: Jornal da Cidade

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