quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Material hospitalar era desviado por funcionários

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br 

A Polícia Civil revelou ontem um esquema de desvio de materiais hospitalares utilizados em hospitais públicos administrados pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS). Em operação deflagrada no final da manhã de ontem, agentes da 2ª Delegacia Metropolitana (Getúlio Vargas) prenderam cinco acusados de envolvimento com o esquema, que segundo a polícia, funcionava há alguns meses e beneficiava a loja de produtos hospitalares Lifemed, situada no bairro Siqueira Campos (zona oeste), a qual tinha, entre seus clientes, clínicas, hospitais particulares e a própria FHS. Os detalhes serão apresentados hoje, às 8h30, em coletiva de imprensa a ser dada na Secretaria da Segurança Pública (SSP), mas a confirmação das prisões aconteceu ontem à tarde.
Os funcionários temporários da FHS Jenilson Lopes dos Santos, 44 anos, e Josuilson José dos Santos, 33, além do motorista terceirizado Renisson de Carvalho Santos, 30, foram presos na porta do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), no bairro Capucho (zona oeste). Já o ex-funcionário da estatal Helber Pereira Mota, 30, foi detido em sua residência, no Siqueira Campos. O quinto envolvido é o empresário Marcelo Santos de Araújo, proprietário da Lifemed, que foi preso em outra loja da firma, no bairro Santa Maria (zona sul). Os cinco serão processados pelos crimes de peculato (furto ou desvio de dinheiro, bem ou objeto de propriedade pública), receptação de produto furtado e formação de quadrilha.
Segundo os delegados Fernando Melo e Marcelo Hercos, da 2ª DM, o grupo agia dentro do almoxarifado da FHS, em um setor responsável pela distribuição de luvas, máscaras, seringas e outros materiais para todos os hospitais administrados pelo órgão na capital e no interior, incluindo o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) e os hospitais regionais José Franco (Socorro) e Garcia Moreno (Itabaiana). "Esses indivíduos desviavam materiais destinados a todos os hospitais públicos do Estado e os revendiam para receptadores particulares, que os adquiriam cientes desta situação e a preços muito abaixo do valor de mercado", resume Hercos.
O grupo foi denunciado nesta segunda-feira, após a direção da FHS ser alertada por uma pessoa que viu dois homens descarregando caixas de produtos hospitalares na casa de Helber. A ação foi fotografada pela testemunha, que entregou as provas à estatal. A partir daí, a polícia descobriu que os desvios foram executados por Jenilson, Josuilson e Renisson, que estavam há apenas um ano em seus cargos. "Já há alguns meses, esses funcionários do almoxarifado, como motoristas, distribuidores, colocavam a mercadoria a mais daquilo que era registrado, deixavam a mercadoria nos hospitais e levavam o que sobrava para receptadores que já as tinham encomendado", explicou o delegado.
As sobras das caixas eram deixadas, conforme a denúncia, na casa do ex-funcionário Helber, o qual ficava responsável pela revenda da carga para Marcelo e, supostamente, para outros empresários. Na residência, muitos produtos hospitalares pertencentes à FHS, principalmente luvas, foram achados e recuperados. Um caminhão-baú Mercedes-Benz de placa IAG-1118/SE, usado na retirada dos produtos hospitalares, foi igualmente apreendido. A quantidade de materiais desviados e o prejuízo causado aos cofres públicos ainda não foi contabilizado pela polícia, que, no entanto, classifica o esquema como "grande". A FHS, ligada à Secretaria Estadual da Saúde, não se manifestou até a noite de ontem sobre a operação da 2ª DM.

Outro caso - A ação de ontem relembra outro caso de desvio de medicamentos descoberto pela Polícia Civil na rede estadual de saúde. Em fevereiro de 2009, agentes do então Núcleo de Combate a Crimes Contra a Administração Pública - depois transformado em Departamento - deflagraram a "Operação Corruptus" e prenderam cinco acusados de desviar, em um período de sete anos, mais de R$ 1 milhão em remédios do Centro de Atenção à Saúde de Sergipe (Case), que fornece medicamentos controlados de alto custo e uso contínuo para portadores de doenças crônicas, a exemplo do câncer.
Os medicamentos desviados, como Somatropina, Octreotida, Alfaepoetina e Toxina Botulinica (Botox), eram retirados do Case com uso de atestados falsos e revendidos para clínicas particulares de cirurgia plástica. Entre os presos, estavam uma servidora concursada da Secretaria de Saúde e outro servidor comissionado, além do representante comercial Pedro Augusto Martins Brito, apontado como líder do esquema. Ao todo, seis pessoas foram arroladas como réus e respondem a processo na 2ª Vara Criminal de Aracaju por formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção ativa

Helber Pereira Mota Foto SSP/SE

Jenilson Lopes. Foto: SSP/SE




Renisson Carvalho Santos. Foto: SSP/SE
Marcelo Santos Araújo. Foto: SSP/SE
Josuilson Jorge dos Santos. Foto: SSP/SE

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