quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Em Paris, Lula fala em candidatura e critica a imprensa


Ex-presidente discursa durante mais de uma hora e diz esperar voto de empresários, se um dia voltar a ser candidato; petista também ataca imprensa e afirma que mídia não destaca acusações contra banqueiros

Fernando Eichenberg (Email · Facebook · Twitter)Publicado: Atualizado: 


  • Na palestra, dedicou-se, porém, a discorrer sobre a crise econômica mundial, no Fórum pelo Progresso Social, em Paris. No final de sua apresentação de uma hora e 20 minutos, fez, aparentemente, uma referência ao destaque que a imprensa vem dando ao recente depoimento de Valério à 

    Procuradoria Geral da República:
    - Quando político é denunciado, a cara dele sai nos jornais. Sabe por que banqueiro não aparece? Porque é ele quem paga a publicidade dos jornais - afirmou.

    Apesar da declaração de Lula - que em seus dois governos propiciou um lucro líquido recorde do setor bancário, de R$ 199 bilhões, numa amostra de nove bancos de 2003 a 2010, em valores corrigidos para 2011 -, o país já presenciou a punição de banqueiros em casos amplamente divulgados pela mídia.

    Um deles envolveu Ângelo Calmon de Sá, ex-dono do Econômico, em 1995, quando o Banco Central decretou intervenção na instituição. Em 2007, a Justiça Federal condenou o banqueiro a 13 anos e quatro meses de prisão por crime contra o sistema financeiro. Em 2000, foi preso Salvatore Cacciola, ex-dono do Marka, socorrido pelo Banco Central em 1999. Cacciola fugiu para Roma, mas acabou preso novamente em 2007 e deportado. Em 2006, Edemar Cid Ferreira, ex-controlador do Banco Santos, foi preso com o filho após serem condenados a 21 e a 16 anos de prisão, respectivamente, por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. E em 2008, Daniel Dantas, dono do Opportunity, foi detido por supostos crimes financeiros e tentativa de subornar um delegado federal da Operação Satiagraha.

    Lula também fez um resumo dos seus oito anos de governo. E se desculpou antecipadamente por beber muita água durante a fala:

    - Confesso que tenho um problema de tomar muita água. Porque, depois do câncer, tenho um edema na garganta que não está 100% curado. Tomo água exageradamente.
    Lula contou um pensamento que teve em 2002, ao subir pela primeira vez a rampa do Palácio do Planalto como presidente:

    - Perdi tanta eleição, tanta eleição, que, num dia, o povo brasileiro, com dó de mim, me elegeu. Os meus adversários, sobretudo no campo da sociologia, até votaram em mim. Achavam que eu iria fracassar, e eles poderiam voltar ao poder. Mas a História os enganou. E eu, muito mais.
    Okamotto questiona depoimento de Valério

    Presente no evento, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, questionou a validade da divulgação do depoimento de Marcos Valério ao Ministério Público.

    - Pelo que eu entendi, essas informações foram obtidas de forma ilegal. Perguntei de onde vieram, e me responderam: “Um jornalista conseguiu lá no Ministério Público”. E como conseguiu? “Ah, uma fonte”. É um material roubado. Se é que existe, foi obtido ilegalmente, e aí não vou ler. Mas se foi dado pelo Ministério Público, vou ler. Se tiver algo relacionado a mim, vou me manifestar no Brasil se for o caso – disse.

    Na agenda do ex-presidente Lula ainda constava um jantar com o presidente da Assembleia Nacional francesa, o socialista Claude Bartolone, na noite desta quarta-feira. Na manhã desta quinta-feira Lula viajará para Barcelona, onde receberá o Prêmio Internacional Catalunha 2012 pela política de crescimento econômico justo de seu governo frente à globalização, dotado de € 80 mil. À noite, o ex-presidente embarcará de volta para o Brasil. 

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