segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Criminosos comuns usam nomes de facções em SE


Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br 

Preocupadas com o avanço do crime organizado em outros estados e com os ataques a policiais, que já foram registrados nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia, as cúpulas das polícias estaduais recomendam cautela da imprensa e de outros setores da sociedade ao lidar com o assunto. A idéia é permitir que os ataques a policiais e as movimentações das facções criminosas sejam divulgadas, mas sem tornar estas facções "glamourizadas".
Essa discussão aconteceu nesta sexta-feira em Florianópolis (SC), durante a 47ª Reunião do Colégio Nacional de Secretários de Estado da Segurança Pública (Consesp). O evento reuniu, além dos secretários de Segurança Pública de 18 estados brasileiros - e representantes dos outros nove -, os chefes e comandantes das polícias Civil e Militar. Sergipe foi representado no encontro pelo secretário João Eloy de Menezes, pelo secretário-adjunto João Batista Santos Júnior e pelo comandante-geral da PM, coronel Maurício Iunes.
Por meio da assessoria da SSP, João Batista confirmou que a movimentação das facções foi discutida em Florianópolis e que houve troca de informações neste sentido pelos representantes das polícias, mas assegura que o tema não é motivo de preocupação para os sergipanos. "As nossas investigações e o acompanhamento da nossa inteligência não confirmaram nenhuma articulação de grupos criminosos em nosso estado. O que existe são criminosos comuns que usam a nomenclatura dessas facções para ter um maior poder de barganha dentro do tráfico de drogas. E outros que se aproveitam disso porque vão buscar drogas em São Paulo", disse o adjunto.
Batista também negou que haja algum plano de bandidos para atacar policiais no estado e recomendou que haja cautela na divulgação destas informações, para "que não crie pânico na população e muito menos que essas facções, como PCC e Comando Vermelho, não acabem se tornando uma grife, supervalorizada". A opinião de João Batista foi a mesma defendida por outros delegados gerais de polícia durante o Consesp. "O uso da imprensa para divulgar as ações dos bandidos é importante, mas sem que haja a glamourização destes grupos", concorda o delegado-chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior.
O tema foi puxado pelo representante da Polícia Civil catarinense, Aldo Pinheiro D'Ávila, ao partilhar a inédita experiência dos atentados a ônibus e bases da polícia ocorridos entre 12 e 19 de novembro na capital Florianópolis e outras 16 cidades, como Joinville, Blumenau, Criciúma, Tubarão, Itajaí e Balneário Camboriú.
Para Aldo, os ataques devem ser imediatamente divulgados, pois a demora em reconhecer a ação das facções pode permitir a realização de mais crimes. O delegado-geral da Polícia Civil de Pernambuco, Osvaldo Morais Júnior, defende uma maior agilidade nas investigações destes ataques, "para que não se divulgue um fato que não existe". 

Integração - Outro ponto principal abordado pelos representantes das polícias estaduais foi a integração entre elas, principalmente em seus serviços de inteligência policial. Por conta dos assassinatos de policiais militares em São Paulo, o Ministério da Justiça decidiu criar uma agência específica dentro da Polícia Federal para facilitar a troca de informações sobre as facções criminosas, em parceria com as polícias estaduais.
"Eu acho que nós demoramos inclusive a assumir essas organizações criminosas e, como não as conhecíamos a fundo, ficamos aí num ponto até mesmo preocupante. Mas eu acho que hoje já estamos com uma agência criada em São Paulo e estamos trabalhando dentro da inteligência", disse a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, em entrevista ao jornal "Diário Catarinense". Mais cedo, durante a reunião, Regina pediu às polícias estaduais que trabalhem de forma mais unida para evitar o avanço das facções. declarou veemente que acredita na polícia, defensora do regime democrático. "Quero um fortalecimento cada vez maior dessa polícia. Não consigo visualizar a unificação delas, mas visualizo, num horizonte próximo, todos trabalhando integrados", apelou.
Os delegados também anunciaram que vão pedir ao Ministério Público, ao governo federal e ao Poder Judiciário que criem mais mecanismos para dificultar a movimentação financeira das facções criminosas, baseada principalmente no tráfico de drogas. Uma das práticas mais usadas é a chamada "lavagem de dinheiro", na qual o dinheiro do tráfico é usado na compra de bens e na abertura de negócios de fachada. Outra proposta defendida é a aprovação da PEC 37/2011, uma proposta de Emenda Constitucional que atribua exclusivamente às polícias Civil e Federal a competência das investigações criminais. Esta proposta está em tramitação no Congresso Nacional. (com SSP/SC)

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Ações do Governo Federal.

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